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Etapas de tratamento de esgotos domésticos Um guia para cuidar das águas de sua casa Já se perguntou como seriam as etapas de tratamento de esgotos domésticos? Ou como tratar de maneira eficiente e segura os esgotos de sua casa, chácara, sítio, condomínio ou pousada e ainda reaproveitar a água e nutrientes? Ou ainda, como aprimorar os cuidados com as águas de sua casa para devolvê-las limpas ao ambiente natural?  Nesse texto você dará os primeiros passos para aprender a cuidar das águas do planeta a partir de sua própria casa! São quatro estágios ou etapas de tratamento, começando por um preliminar ou pré-tratamento, seguido do tratamento primário, tratamento secundário e tratamento terciário, este último muitas vezes associado à disposição final do efluente no ambiente. Siga os links para conhecer mais! Pré-tratamento – caixa de gordura, tanque de areia As etapas de tratamento começam com um pré-tratamento: você sabe para que serve a caixa de gordura em sua casa? Todo esgoto carrega consigo materiais mais pesados e de difícil digestão, como pelos, restos de comida, óleos, gorduras, areia, terra, etc. A caixa de gordura e os desarenadores fazem parte do pré-tratamento, pois têm a função de reter esse material, impedindo que cheguem à câmara de digestão, onde ocuparão espaço e podem causar entupimentos. A gordura, por exemplo, pode se transformar em um torrão sólido, duro e esbranquiçado, entupindo canos ou comprometer todo o sistema e até mesmo inutiliza-lo. Para evitar isso é que se instala a caixa de gordura, principalmente para as águas da pia da cozinha e a mesma deve ser limpa de tempos em tempos. Essa etapa de tratamento é apenas o começo, então continue lendo sobre o “Tratamento primário”. Se quiser mais conteúdos como esse, deixe um comentário abaixo, se inscreva em Nature in Transition no YouTube e lembre de clicar no sininho para receber as atualizações.

Tratamento primário – digestor, tanque séptico, digestão do material e acúmulo de lodo Certamente você já ouviu falar em fossa séptica, biodigestor ou tanque séptico. Mas sabe para que eles servem? Ou como funcionam?? Aqui é que acontece o tratamento primário dos esgotos de sua casa! O esgoto de uma casa é composto por água, sabões, detergentes, restos de comida e ainda fezes, urina, etc.  Logo após passar pela caixa de gordura, o esgoto chega a um primeiro compartimento, onde tem início a digestão, a quebra desses compostos, o que é feito por incontáveis microrganismos. Também nesse primeiro compartimento é que os sólidos sedimentáveis e flutuantes são retidos. Por isso mesmo, esse primeiro compartimento é chamado de digestor, biodigestor, decantador, decanto-digestor, e ainda de fossa séptica ou tanque séptico. Todo esse material que chega como esgoto contém proteínas, lipídeos, amidos, açúcares, carboidratos, etc., mas em uma forma que já não serve para nós. Certamente, esse é um material riquíssimo, pois carrega energia e nutrientes essenciais para toda forma de vida, como carbono, nitrogênio, fósforo, cálcio, etc. No entanto, uma parte menor dos compostos que chegam não é digerido e, junto com microrganismos mortos, acumulam no fundo do compartimento. Esse acúmulo forma o lodo, que precisa ser retirado de tempos em tempos. (Uma alternativa a esse primeiro compartimento é o tratamento em lagoas anaeróbias, solução utilizada em condições mais específicas e maiores volumes). Um banquete microbiano Para os microrganismos o esgoto doméstico é um banquete, repleto de energia e nutrientes usados em seus processos metabólicos de se manterem, crescerem e se reproduzirem. Se você está acompanhando com atenção, percebeu que os microrganismos são a chave para a degradação e ciclagem dos nutrientes presentes em nossos esgotos! Por isso mesmo, é importante evitar o uso excessivo de produtos que possam prejudica-los ou mesmo mata-los. Em outras palavras, evite o uso de água sanitária, alvejantes, desinfetantes e compostos semelhantes. O uso de água e sabão, normalmente, são suficientes para a limpeza e higienização. Além dos microrganismos em quantidade adequada, outro fator fundamental no tratamento dos esgotos é o tempo que esses microrganismos têm para fazer seu trabalho.  Esse tempo está relacionado ao dimensionamento do sistema, que considera, dentre outros fatores, a quantidade de pessoas na casa e o consumo de água pela família, tendo como resultado o volume adequado do digestor.  A relação entre o volume do digestor e o volume de esgoto que chega determina ainda o chamado “tempo de detenção ou retenção hidráulica”, tema para uma outra prosa. Muita informação até aqui, não é mesmo? Você já sabia de tudo isso? Conte pra gente nos comentários o que aprendeu sobre o “Tratamento primário”. Próximo passo: “Tratamento secundário”. Se quiser mais conteúdos como esse, deixe um comentário abaixo, se inscreva em Nature in Transition no YouTube e lembre de clicar no sininho para receber as atualizações.

Tratamento secundário – filtro biológico, polimento, biofilme Chegamos ao tratamento secundário e com ele um desafio: se os microrganismos estão com boa saúde e dispõem de tempo suficiente pra fazerem seu trabalho, isso significa que o efluente que sai do digestor já pode ser descartado no ambiente? O que você acha? Bem… a resposta é NÃO! Ao sair da primeira câmara boa parte dos materiais já foi degradado e os nutrientes liberados, mas ainda não estão com qualidade boa o bastante para serem lançados no meio ambiente. Isso significa que ainda há boa concentração de matéria orgânica, nutrientes e sólidos dissolvidos no efluente, sendo necessário diminuir sua quantidade. Sobretudo, diminuir a quantidade de micro e macro organismos potencialmente patogênicos (que podem causar doenças). O efluente passa então por uma segunda câmara, um filtro biológico, local preenchido com materiais como pedras britas, anéis plásticos, bambus, etc.  Esse material serve como suporte para os microrganismos se fixarem, formando um biofilme, uma cama de microrganismos.  E continua o banquete… Ao passar pelo biofilme, os microrganismos vão se alimentar e retirar os nutrientes ainda presentes no efluente.  Além disso, o material filtrante vai reter boa parte dos sólidos que ainda chegam nessa segunda câmara. O filtro biológico, no entanto, é apenas uma das possibilidades de tratamento secundário e, dependendo do arranjo, área disponível e localização, as lagoas de estabilização, lagoas facultativas e lagoas de maturação são outras alternativas. Agora sim, após essa segunda etapa, o efluente já está em melhores condições para um polimento final ou descarte adequado no ambiente.  No entanto, esse descarte deve ser feito de maneira segura, então fique até o final para aprender como fazê-lo. Estamos quase lá! Para saber mais, continue para “Tratamento terciário”. Se quiser mais conteúdos como esse, deixe um comentário abaixo, se inscreva em Nature in Transition no YouTube e lembre de clicar no sininho para receber as atualizações.

Tratamento terciário e disposição final – sumidouro, vala de infiltração, lagoa com plantas Chegamos ao tratamento terciário. Mas será mesmo necessário, uma vez que o efluente já está com uma condição muito melhor do que ao entrar no sistema? O que você acha? Como visto, se tudo correu bem até aqui, ao sair do filtro biológico o efluente estará numa condição muito melhor do que quando entrou. No entanto, alguns nutrientes continuam em grande quantidade, caso dos compostos de nitrogênio e fósforo, além de eventuais patógenos, que devem ser eliminados. Por isso, uma terceira etapa de tratamento deve ser feita e pode estar associada ao descarte final do efluente. Em sistemas de tratamento de esgotos domésticos, por exemplo, nessa terceira etapa são utilizados: o sumidouro, ou a vala de infiltração, ou a lagoa com plantas. Sumidouro, vala de infiltração e lagoa com plantas No sumidouro, o efluente final é simplesmente descartado em um buraco escavado no solo para infiltração direta em maior profundidade.  O inconveniente dessa solução é a perda de água e nutrientes e, principalmente, o potencial de contaminação dos lençóis freáticos. Uma vez que o efluente carrega ainda grande quantidade de coliformes fecais e potenciais patógenos, evite essa solução. Uma segunda possibilidade é a vala de infiltração. Mais próxima da superfície, a água e nutrientes do efluente final estará disponível para a irrigação subsuperficial de pomares, gramados e jardins.  Ao mesmo tempo, o solo mais superficial, rico em microrganismos benéficos, tende a eliminar eventuais patógenos e a água, o nitrogênio e o fósforo serão recebidos com alegria pelas plantas.  Nessa solução, tratamento terciário e disposição final se confundem. Ampliando a biodiversidade Por fim, na lagoa com plantas, o efluente passa por uma terceira fase de tratamento, o tratamento terciário propriamente dito, antes da reutilização ou reuso.  A incidência da luz solar na lagoa favorece a fotossíntese das plantas e microalgas. Durante seu crescimento, as plantas absorvem o nitrogênio e fósforo. E no caso das microalgas, o processo de fotossíntese libera oxigênio na água.   Ao mesmo tempo, tanto o oxigênio presente na água, quanto os raios ultravioleta da luz solar auxiliam na eliminação de eventuais patógenos. Além disso, as raízes dessas plantas liberam compostos benéficos e são abrigo para novos microrganismos, os zoo e fitoplâncton, além de mesorganismos , como caracóis, lesmas, crustáceos, etc., que ajudam na purificação da água e controle de parasitas.  Para evitar a proliferação de larvas de insetos como moscas e pernilongos, criar  lambaris, barrigudinhos, carpas ou tilápias enriquecerá o ecossistema da lagoa.  E como tudo está interligado, o aumento da biodiversidade na lagoa certamente atrairá pássaros e pequenos animais, enriquecendo ainda mais a biodiversidade associada ao sistema. Como resultado final, o que era problema vira solução! Agora plantas, fito e zooplancton, peixes e aves ajudam na filtragem e purificação da água e controle de parasitas e insetos, formando um ambiente de grande riqueza, beleza e diversidade para a propriedade.  Sistemas de tratamento simplificado de esgotos domésticos Que bela aula, não é? Que tal compartilhar nas suas redes sociais, ou encaminhar para amigos e conhecidos? Agora que você já sabe como funciona um sistema de tratamento de esgotos domésticos e quer ou precisa instalar um em sua casa, chácara, sítio, fazenda, pousada ou condomínio, é hora de aprofundar um pouquinho mais no assunto. Para ajudar você a cuidar das águas de sua propriedade, tratar de maneira adequada e segura os esgotos domésticos e ainda reaproveitar as águas e os nutrientes que elas carregam, estamos disponibilizando o curso “Sistemas de Tratamento Simplificado de Esgotos Domésticos”.  Clique no link para mais informações.. Se quiser mais conteúdos como esse, deixe um comentário abaixo, se inscreva em Nature in Transition no YouTube e lembre de clicar no sininho para receber as atualizações.